RECUSA

Uma recusa

é a amarga vigília costurada em nó

atravessado na nossa garganta

É o salto

reverberando o quente solo

num corte penetrante que alcança

o peito, os lábios e as sarjetas

Outra recusa

é um desenlace entre o corpo e a posse

dormência ulcerada entre os gânglios

É o grito

aviltado por um tacanho destino

numa sutura que nos amortece

o sangue, o lodo e a sentença

Mas minha recusa

é de quem não toma a lauta cicuta

transbordada numa mídia obscura

É o pulo

para dentro de um vasto redemoinho

num arresto que só louco redimo:

o feito, a raça e a história.