CONSTRUÇÃO

A vida é um edifício em construção constante,

Um leque de escolhas que se abre no instante.

Quando me deparo com o isolamento da solidão,

Olho no meu entorno à procura de alguém

E não me vejo irmanado a ninguém;

Em busca de alguém no deserto clamo a esmo

E quem me fala, ou se cala, sou eu mesmo.

As ramagens que me embalavam outrora,

Plenas de crença, fé, prece e esperança,

De repente percebo que se foram embora,

Deixando um desvario amargo de melancolia

E um ninho vazio onde antes um lar existia.

Pairam no ar os versos de um poema sofrido,

De nuvens de ilusões e desilusões nascido,

Álbum de retratos dos rumos que tomei até agora.

Arde um pouco de dor, memória de muitas feridas,

Alguma viva ilusão ou alguma pálida lembrança

De algumas perdas e de algumas despedidas.

Ilhado na imensidade indefinida do espaço,

Guardo a saudade sentida dos tempos passados;

Alguns prazeres vividos, outros apenas sonhados.

A vida sopra ventos de sucessos, de conquistas,

Mas também bafeja ares de fracassos, de desditas.

Agradeço aos momentos que me construíram

E àqueles que me destruíram,

Porque com eles aprendi,

Porque com eles cresci.

Momentos de prazer, momentos de dor,

Trago todos no mesmo laço.

Hoje, a nenhum deles nego meu amor,

Minha compaixão, meu calor,

Minha gratidão, meu abraço.

Carlos Henrique Pereira Maia
Enviado por Carlos Henrique Pereira Maia em 17/02/2020
Reeditado em 26/04/2020
Código do texto: T6867959
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