CONSTRUÇÃO
A vida é um edifício em construção constante,
Um leque de escolhas que se abre no instante.
Quando me deparo com o isolamento da solidão,
Olho no meu entorno à procura de alguém
E não me vejo irmanado a ninguém;
Em busca de alguém no deserto clamo a esmo
E quem me fala, ou se cala, sou eu mesmo.
As ramagens que me embalavam outrora,
Plenas de crença, fé, prece e esperança,
De repente percebo que se foram embora,
Deixando um desvario amargo de melancolia
E um ninho vazio onde antes um lar existia.
Pairam no ar os versos de um poema sofrido,
De nuvens de ilusões e desilusões nascido,
Álbum de retratos dos rumos que tomei até agora.
Arde um pouco de dor, memória de muitas feridas,
Alguma viva ilusão ou alguma pálida lembrança
De algumas perdas e de algumas despedidas.
Ilhado na imensidade indefinida do espaço,
Guardo a saudade sentida dos tempos passados;
Alguns prazeres vividos, outros apenas sonhados.
A vida sopra ventos de sucessos, de conquistas,
Mas também bafeja ares de fracassos, de desditas.
Agradeço aos momentos que me construíram
E àqueles que me destruíram,
Porque com eles aprendi,
Porque com eles cresci.
Momentos de prazer, momentos de dor,
Trago todos no mesmo laço.
Hoje, a nenhum deles nego meu amor,
Minha compaixão, meu calor,
Minha gratidão, meu abraço.