A praga
O medo se alastra,
a cor do mundo é azul-terror
sem vida, o parasita devasta
outras vidas, sem distinguir raça ou cor
Todos esperam um pesadelo letal
a praga que dormia, acordou de repente
A calamidade não é mais local,
despontou como o sol no oriente
Antes víamos a beleza do horizonte,
cantávamos a história de forma canônica
agora a máscara cobre nossa fronte
gripe espanhola, varíola, peste bubônica
O leito é um esquife
as vidas, uma só trincheira
da prevenção não se esquive,
nada disso é mera brincadeira
Há um desespero na palavra doença,
lembra a mazela que não está em nosso poder,
nos anima a ideia de convalescença
fácil e frágil, se não fizermos por merecer
Nesses tempos, o caos é um grande mestre,
a luta convida a humanidade a se unir
contra um ódio tão rupestre
que exalta o quanto ainda está por vir