RETORNO

Vieste assim como “paga”

Como se uma divina justiça

estivesse a escavar uma chaga

que parecia morta e agora viça.

Demorou quinz’anos, quase

Ficaste quieta, dormitaste sem ação

e eu, por conta própria, fase a fase,

escavei a vala da minha inumação.

Quem terá direito de ao outro dizer

qual destino se deve seguir?

Quem poderá por alguém fazer

o que só a ele cabe cumprir?

De través entendi agora o código fugaz

de como se anda na vida. Sem remédio

sempre se paga aqui o que se faz

Aqui se tem a volta, o revés, sem gáudio.

É minha consciência quem acusa

Julgando atitudes doutrem, outrora

eu era o juiz. Hoje sou réu e o caso me usa

nesse erro pior que cometo agora.

Foi tocaia, foi ardil, Ato de víndice

eu tinha que saber. Droga! Mais que pensado

Essa ação pegou na veia, como numa sandice

a injeção da droga que se lhe faz recompensado.

Mereço tudo o que para mim se destina;

O ódio, o desprezo do amor verdadeiro...

Confesso essa ação sem nexo. É minha sina

ser um verme doravante, animal de cativeiro.

Como querer perdão, se perdão não há. Oh! Dor

Como se querer clemência para o inominável

para quem sem escrúpulo rompeu pacto de amor?

Cedeu ao júbilo, criou elo perpétuo. Inimaginável!

thiticobomfim
Enviado por thiticobomfim em 13/04/2020
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