SOMANDO OUTONOS

As folhas caem

E dentro de mim outonam vozes

Vejo o universo passando pela janela

E me sinto gostosamente incompleto

Não tenho a sanha do tempo

E as dúvidas mais profundas

Só complementam minha fé

Sinto os ventos mudarem

Como quem saboreia um fruto

Não fico pensando em retóricas

Colho do chão as palavras

E só com elas me infinito

O sonho já é para mim estação

Vou me adornando desses silêncios

Para compor meus vocabulários

No íntimo nem levo bagagens

Meu ideal maior de riqueza

É uma árvore que atingiu a nudez.