Costurando Caminhos e Aprendizados

A vida prega peças, botões e zíperes.

Remenda corações que até então não tinham conserto.

E também rasga de vez alguns sentimentos.

Para que o velho seja substituído por algo melhor,

Com menos cheiro de naftalina.

Somos colcha de retalhos.

Cheio de histórias...

Cheios de cheiros a recordar.

Somos humanos, insanos improváveis.

Duelamos, dançamos e sorrimos.

Da mesma forma em que choramos sobre nossos cadáveres.

Nossos vivos e nossos mortos.

Tem dia em que encolher as pernas em posição fetal

É fatal ao coração...

Faz com que voltemos no tempo.

Num tempo onde a gente era feliz e não sabia!

A gente cresce, vira gente grande...

E na grande maioria das vezes somos somente adultos.

Sem a essência humana, sem a energia do amor na alma.

A vida endurece as pessoas.

Petrifica onde era para ser algo maleável.

Onde deveria existir maciez, há espinhos.

Onde deveriam existir flores, há secura.

Às vezes áridos, noutras úmidos pelo suor ou pelo choro.

Vamos costurando sonhos em meio às desilusões.

Vamos bordando pedrarias em meio às pedras.

Vamos falando baixinho, quando na verdade

Gritar seria nosso maior desejo.

Vamos pondo uma base cor de pele, onde nunca houve base de sentimentos.

Cobrimos marcas, cicatrizes e hematomas.

Com fita adesiva, blush ou camisetas de gola alta.

Tampamos o sol com a peneira.

Fazemos vaquinhas de batata e palitos,

Para lá na frente serem vacas de presépio.

Com batom, com cabelo arrumado de lado, com gravata de nó impecável.

Pelo receio de mudar as coisas.

Pelo desejo de mudar o mundo.

Pela falta de coragem de mudar a si mesmo.

Em prol do que faz bem para a alma.

Em prol da saúde mental e da felicidade do coração,

Já diziam os cardiologistas.

Quando a gente não fala, o corpo padece...

HELOISA ARMANNI
Enviado por HELOISA ARMANNI em 23/04/2020
Código do texto: T6926434
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