UMA MANHÃ DE OUTONO

Em uma manhã de outono

A aurora florida vem

Como uma chuva apolínea

Transbordando gotas douradas

Que se escorrem no refúgio dos deuses

A cada gota jorrada

Nas árvores vestiais

Junto dos caprichos ctônicos

Caem folhas douradas e avermelhadas

Constituindo um tapete platônico

As abelhas que pousam

Consentidas da graça de Cárites

No seu mar artístico

Designam o chamado de Aristeu

Zanzando como um tanger idílico

Da anatomia divinal

Surges o outono solar

Criador da mais autêntica beleza

Padroeiro de Vênus

Dono da primorosa natureza

Se é sempre o outono

O entreveiro estial e invernal

O sorrir das primaveras

O turvar das senlilidades

Sobre as ruínas, o crescer das heras

Se é sempre o outono

O entreveio do repouso de Ceres

E da queda das muralhas do Olimpo

É sempre concedido a ele a primeira ordem de Cronos

Para a exposição dos Campos Elísios

Este campo cíclico

Que se enjuvelhece e se renova

E que agora está despido

Como uma ninfa em uma noite de núpcias

Para uma contemplação afrodisíaca e erótica

E de Cronos

Parti o marchar eclíptico

Diante dos jardins romanos

O adeus glorioso dos deuses do Olimpo

A última obra melancólica edificada pelo divino

Vitor Siqueira
Enviado por Vitor Siqueira em 04/05/2020
Código do texto: T6937192
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