UMA MANHÃ DE OUTONO
Em uma manhã de outono
A aurora florida vem
Como uma chuva apolínea
Transbordando gotas douradas
Que se escorrem no refúgio dos deuses
A cada gota jorrada
Nas árvores vestiais
Junto dos caprichos ctônicos
Caem folhas douradas e avermelhadas
Constituindo um tapete platônico
As abelhas que pousam
Consentidas da graça de Cárites
No seu mar artístico
Designam o chamado de Aristeu
Zanzando como um tanger idílico
Da anatomia divinal
Surges o outono solar
Criador da mais autêntica beleza
Padroeiro de Vênus
Dono da primorosa natureza
Se é sempre o outono
O entreveiro estial e invernal
O sorrir das primaveras
O turvar das senlilidades
Sobre as ruínas, o crescer das heras
Se é sempre o outono
O entreveio do repouso de Ceres
E da queda das muralhas do Olimpo
É sempre concedido a ele a primeira ordem de Cronos
Para a exposição dos Campos Elísios
Este campo cíclico
Que se enjuvelhece e se renova
E que agora está despido
Como uma ninfa em uma noite de núpcias
Para uma contemplação afrodisíaca e erótica
E de Cronos
Parti o marchar eclíptico
Diante dos jardins romanos
O adeus glorioso dos deuses do Olimpo
A última obra melancólica edificada pelo divino