Minha profissão de fé

Em minha profissão de fé

como à Via Láctea

peregrino em mim

errante planeta

e esbarro em poetas

que ressundam amor

e de soslaio

passo por Bilac

a refutar seus impassíveis parnasos

não invejo o ourives

que trabalha o ouro e faz a sua flor

sou e soo a palavra

e sigo o meu rito

no céu me limito

também imito o amor

nada quero deste, nem do mundo vão

pro meu céu já basta

uma estrela inquilina

e os versos de alma

onde se encrava a rima

e são esses versos meus

o ar do meu ser mais puro

a, nus, se encaixar nos teus

como pude amar

sem que o mel não provasse?

como ouvir estrelas

e tua flor não beijasse?

Ora direi que ouvi estrelas

mesmo perdendo senso

eu vos direi no entanto

qualquer paixão que me perverte e engana

à ela eu me entrego

e verdadeiramente eu amo.