11/05/89 revisitado

Eu finalmente não sinto a minha cabeça

e não sei mais o que é efeito do álcool ou das outras coisas.

Tudo misturou-se

e preciso encher meu copo.

Preciso alcançar a geladeira

pegar a lata 

e despejar tudo pela garganta,

mas é um longo e tortuoso caminho

até a cozinha.

Eles me desejam parabéns.

Eu desejo saber o que há de errado aqui dentro desse peito,

dessa mente barulhenta.

Eu desejo desligar o celular e não ouvir vozes gravadas.

Eu sei, não é só a inabilidade social.

Eu sei, não é só o desgosto constante.

É meu aniversário.

Um Louco 11/05/1989

testemunhou a gênese

de um taurino que não 

possui qualidades

e se afoga em falhas.

É o meu aniversário

e faço desse quase (in)feliz dia

o inferno e o paraíso.

Que o céu chore,

que o meu amor

me torne iluminado,

melancólico e sem sorte,

até o máximo que um homem

pode suportar em vida.

Eu estou rindo do seu arco-íris

e escuto a chuva cair,

mas quando viro o copo, finalmente cheio,

e olho para o horizonte através da janela

vejo um azul claro,

sem nuvens,

e então debocho das alucinações.

Blues e mais blues 

voam através do rádio

e finalmente consigo estar FELIZ,

como quando te vejo sorrir.

O Bêbado
Enviado por O Bêbado em 11/05/2020
Reeditado em 12/05/2020
Código do texto: T6944651
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