Afogamento

Tudo silenciado

Nos bares, nas ruas

No ofício dos dias

No escritório das horas

O silêncio é tanto

Que o escuto daqui

Nos olhares dos namorados

Na burocracia da existência

Na máquina que o tempo não cessa

Na costura de tecidos da alma

Tudo permanente em mute

- o mundo se fez (ab)surdo! -

Já os seus gritos

Ouço-os a incontáveis quilômetros

A proferir vocábulos atropelados

Seguem-se, um atrás do outro

Inflamados por arderem em chamas

- barulho extremo! -

Corpos asfixiados em mágoas

Sufocados pelo que não foi dito

E se deram pelo cansaço.

Mariane Amaral
Enviado por Mariane Amaral em 16/05/2020
Reeditado em 17/05/2020
Código do texto: T6948652
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