CAMINHANDO SEM CAMINHO

Ao chão lançado

Sem visão do futuro

Estou tão cansado

Tão cansado de tudo

De tudo que fui (porque insisti)

De tudo que gostaria de ter sido

E não fui (porque desisti)

Caminhando sem caminho sigo

Cansado da fugaz alegria

E da dilacerante dor

Das cores do dia

E da noite incolor

Do Sol radiante

Que arde

Sempre brilhando

E da Lua inconstante

Sempre mudando

De fase

Estou cansado de verdade

Cansado da dura realidade

Da vida que tive e ainda tenho

Estou cansado do fantasma da morte

Que um dia com certeza verei

Da cidade de onde venho

E das que jamais visitarei

Estou cansado da sorte

De continuar vivo

Assim que amanheço

E dos sonhos que tenho tido

De dar um passeio breve

Pelos mesmos arredores

Do mesmo lugar

E de às vezes sonhar

Com dias melhores

Enquanto cansado envelheço

Até que o tempo me leve

Carlos Henrique Pereira Maia
Enviado por Carlos Henrique Pereira Maia em 18/05/2020
Reeditado em 18/05/2020
Código do texto: T6950839
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