NÃO

A minha vida é improviso, morte, verso, dor e pó

Não tenho sonho ou saudade, remorso ou mesmo dó

Tenho certeza de que a vida é viola surrada sem canção

Só deixará silenciosos rancores dentro em meu coração

Trago verdades e mentiras, ilusões do meu repente

O meu ódio é navalha sangrando o meu presente

Onde passei só vi tristeza, miséria e maldade

Não canto mais a esperança, não tenho mais vaidade

Sou repentista do povo, violeiro afamado

Sou sanfoneiro arretado, mas só pra ter meu trocado

A alegria é criança que canta com fervor

Por não saber que o amor é a perfeita prima da dor

Por isso só rimo desencanto, pranto, dor e opressão

Quem dança o meu baião não tem mais ilusão

Seu futuro é luta, lida, grito e humilhação

Condenado a ter mil filhos e a alma com desnutrição

Vida sofrida, violeiro

Canta sua dor pro mundo inteiro

E vai ver o sol também cantar

Audsandro do Nascimento Oliveira
Enviado por Audsandro do Nascimento Oliveira em 20/05/2020
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