Quarentanos

As vozes são claras

e as escuto

As visões são fortes

e as vejo

Sou um homem com muito de criança ainda

e minha vida acompanha os dias

Quarenta anos...

Relâmpagos incontáveis pelo funcionar do universo

Um presente de Deus – proporção de viver e sonhar

convivo e assomo

O que passou também passará

O que advém também é nascituro

Já sei a que pertencem as sombras

A fuga da caverna me adultornou

Como e bebo o poema – a poesia

Como e bebo a vida – com poesia

Quarenta anos pouco é, e muito foi...

Não um acaso do tempo, mas a ânsia de existência

Porque entendo tanto tanto e explico mínimo

Nossa imperfeição nada perfeita

Nada no mistério óbvio de nossos oculos...

Se me perdi... quem me encontrou há de me acompanhar...

Nadei, engatinhei...

Parado, andei...

Se sorri, também chorei

Quarenta... ões

... vinte portas vinte chaves

Porque os beijos que foram tragados pelos marajós

planejaram o dobro que veio a mim

Fui na era de ser profissionais vários

Com dor e com amor sou poeta, sou professor...

Cantar...

As cantigas de roda das molecadas estão no Google para serem pesquisadas

Vinte mais vinte salas de aula por estudo e profissão

Quarenta e quarenta gols porque sou ambidestro

(e não admito vis interpretações)

Inimigos? Quem sabe... alguns sem interesse

Tenho histórias incontadas e quarenta amigos no Face

Vinte, ma(i)s vinte – encontrar

_ Festejar e enamorar por fim...

Vinte, ma(i)s vinte – algo dizer

_ Sou filho de um serafim!

E o menino (quá, então?)

Tem óculos para a leitura do que fica só na imaginação

Tem expressivas linhas que se ligam ao coração

Ah, que vinte mais vinte conta quarenta

na matemática da vovó

Vinte, mas vinte! acrescenta só realce

para uma idade só

O meu rosto, Cecília, também muda

O meu endereço é mais além

Respiro palavras que invento

Porque vejo, o dicionário não tem

E à saudade dou tamanho fomento

Que no meu peito ela toda desnuda

Feito aquela estória cabeluda

Que causa ciúmes ao vento...

O silêncio tem mil palavras ininventadas

Que ouvidos jamais sentiram

Mas que pelo pensamento atiram

Sabores de ninfas deliciadas

“Vinte anos” escrevi faz vinte...

Mais vinte daqueles vinte lembro

Para dos quarenta vinte um dia esquecer...

Intentos tantos me entornam tontos

São vozes dos vieses das vias por onde vaguei

É hora de sentir-me pronto

De coração definido agora (sem brincadeira?!)

Seguirei mais seguro para as buscas mais escritas

Farei do meu equilíbrio de vida

Uma história bonita e verdadeira.