Coveiro de mim

"E, lá estava um outro eu, enterrando um eu morto.

A cada cova cavada, um novo eu nascia.

E, como amava essas versões que brotavam em mim.

Era doloroso, me afundava no desespero;

Me chamavam para a beirada do precipício.

Apavorado e relutante por semanas, eu ia.

Mas, antes de me jogarem, me davam asas.

E, eu, voava.

Como voava.

Era lindo de se ver.

E, o medo inicial de morrer, ficava para trás.

Era no fim, um coveiro de mim mesmo.

E, amava assim. Me amava a cada ocaso."

Thiago Justo
Enviado por Thiago Justo em 29/05/2020
Reeditado em 29/05/2020
Código do texto: T6961702
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