RUAS PROFANAS
Vidas sem rumo das nuas calçadas
Em busca dos sonhos outrora perdidos
Saem pro mundo que a noite é chegada,
Trazendo nos olhos os ideais esquecidos,
Vidas sem rumo das nuas calçadas.
Ruas profanas que levam os sonhos
Nos guetos perdidos que o mundo não vê
Dividem ocultos desejos medonhos,
Murmúrio de bocas que dizem não crê,
Ruas profanas que levam os sonhos.
Breves sorrisos nas caras sofridas
Revelam tormentos que a vida traduz,
Felicidade que foge na longa avenida
Escapa dos dedos mais rápido que a luz,
Breves sorrisos nas caras sofridas.
Escusos encontros das ruas profanas,
Segredos deixados em quatro paredes
São frutos perfeitos de vidas urbanas,
Prazeres sentidos de corpos com sede,
Escusos encontros das ruas profanas.
São ecos do mundo que vivem a noite
Que fogem da sorte e da solidão.
São vidas que sofrem eternos açoites
Buscando nos guetos seus sonhos, então,
São ecos do mundo que vivem a noite.
Bonito/PE, 28/10/1991