INQUIETUDE

Inquietude, minha leal companheira,

Por ti renuncio as certezas e a sanidade atiro ao vento,

Lançando-me ao desconhecido;

És minha utopia e horizonte,

Ouves os gritos silenciosos e o bater das asas de meu espírito agitado;

És meu desafio, mais cara do que toda a glória do mundo.

Se me dilaceras, fazes jorrar a essência com que forjarei minha lança e escudo.

Mergulhas no mais profundo de minha alma, trazendo à tona o desconhecido. Então vejo:

Tanto mais enriqueço, quanto mais me doo;

Tanto mais conheço, quanto mais reconheço a própria ignorância;

Tanto mais me encontro, quanto mais me arrisco a perder-me nos labirintos do meu próprio ser;

Me despedaço, para sentir-me por inteiro e perco todos os sentidos para despertar da letargia;

Inquietude, minha doce carrasca...

Dá-me a pá, que cavarei o jazigo,

Sepultarei feliz tudo aquilo que morre em mim,

Se morreu, não era eterno e nunca fez parte do que sou.

Por ti, inquietude...

Sigo morrendo para todas as certezas e nascendo para todas as possibilidades.

Gi Luz
Enviado por Gi Luz em 26/06/2020
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