Vida mortal

Dentro daquilo que chamam de vida

Sempre há o lado oposto

Posto que a vida nada mais é

que um conjunto de renascimentos

no silêncio do barulho de um afoxé.

E de nasceres que antecedem a fatalidade

me convencem de que a vida é bela.

Por muito enxergarem o recomeço,

não alcançam a indubitável dor

de cada momento em que faleço.

De mortes e vidas que ora vivo

Sinto a foice junto ao chicote,

dores que agora me sacam a vida,

dores que tanto causaram feridas.

Posso eu, tão mortal, temer ao que vêm?

Se de tudo que não pude evitar,

hoje temo o oposto do cinza

Como posso ter tanta repulsa

pelo que consideram pilar?

De tudo que ora vivo e penso,

ora morro tentando compreender

A grande epopeia vital

de um grande teatro divinal.

Leticia Souza
Enviado por Leticia Souza em 22/08/2020
Código do texto: T7043273
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2020. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.