Vida mortal
Dentro daquilo que chamam de vida
Sempre há o lado oposto
Posto que a vida nada mais é
que um conjunto de renascimentos
no silêncio do barulho de um afoxé.
E de nasceres que antecedem a fatalidade
me convencem de que a vida é bela.
Por muito enxergarem o recomeço,
não alcançam a indubitável dor
de cada momento em que faleço.
De mortes e vidas que ora vivo
Sinto a foice junto ao chicote,
dores que agora me sacam a vida,
dores que tanto causaram feridas.
Posso eu, tão mortal, temer ao que vêm?
Se de tudo que não pude evitar,
hoje temo o oposto do cinza
Como posso ter tanta repulsa
pelo que consideram pilar?
De tudo que ora vivo e penso,
ora morro tentando compreender
A grande epopeia vital
de um grande teatro divinal.