Morte—Vida

Havia uma época

Em que eu morria

Todos os dias

E todos os dias

Eu dizia: hoje

Eu não vou morrer

Hoje eu não vou

Morrer, hoje eu

Não vou morrer"

E todo fim do dia

Lá estava eu

Com meus pequenos

Sonhos derramados

No chão e meus

Pequenos amores

Mortos na cama

E então pensava:

"Por que hei de viver

Por que hei de viver

Por que hei de viver?"

E a resposta não vinha

E os dias foram se

Sucedendo um após

O outro enquanto

Renascia em todos eles

Até aprender a deixar

De sonhar ou amar

Porque eu já sabia

No fundo eu sabia

Que desde o primeiro

Dia eu já havia nascido

Morto e viver assim

É o máximo que um

Ser humano poderá

Viver — revivendo.

Um Rapaz Meio Estranho
Enviado por Um Rapaz Meio Estranho em 23/08/2020
Reeditado em 28/08/2020
Código do texto: T7044130
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