QUANDO É NOITE ...

Quando é noite ...

Na solidão da noite,

Todos os medos

Surgem como sombras,

À espreita,

Na penumbra tudo parece vil,

Mas na solidez do dia,

Tudo se renova,

Na solidão da noite,

Um vulto se forma,

Dor palpável,

Que se acumula,

Se instala

Entre as frestas

E os colmos dos móveis,

Na solidão da noite,

Corpos e formas se entrelaçam,

Risos e gritos se confundem,

Movimentos e gestos

Passam despercebidos,

Na solidão da noite,

O eu e o outro num único corpo,

Mas na solidez do dia,

Quando a luz reina soberana,

As dores se dissipam,

Dando lugar ao novo,

Ao novo olhar,

Um novo dia,

E um novo recomeço.