MUNDO-GRAÇA

Não estou mais ali

Sinto que no inverso consigo viajar...

Mais do que um pedaço do Ceará

O mundo que mesmo não sendo é...

Quase ninguém sai a tarde

De longe sinto o calor nas mãos...

O melhor é sair à noite

No raiar da meninada que não deixa a luz apagar...

É uma confusão pensar daqui

A Graça está lá, bem aqui...

A tinta da caneta acabou

Ainda consigo desenhar um colar com flores da praça...

Sendo um viajante parado

Navegando, enxergo uma cidade-país-mundo em mim...

A paisagem do meu caos

Nada mais é como deixei, ao contrário também é...

A juventude dos instantes que tudo é política

Com a velhice na face de mais de trinta...

Não aprendi a somar e nem a multiplicar

A escola que estudei, o ginásio, lá está...

Há vaidades nas fronteiras

Da frieza da serra a piedade do sertão...

É um risco escrever sem a ver

Eu tinha visto no sonho uma casa de músicas que ainda não vi...

Me torno pequeno no rabisco da cidadezinha

De um tamanho grande que não me deixam caber...

E a herança de Manoel da Graça

Fica para quem sabe homenagear...

E se eu não souber falar de heróis

Ensinei a não aprender com um olhar...

Tomei tanta distância e num salto

Explique que conhecer é sinônimo de venha cá...

(Secreto!)