Elogio a feiura #1

Textos escritos, "bons dias" e gentilezas.

Todo esse talento é vão.

As portas se abrem à beleza.

Aos afortunados é reservado o melhor pão.

Tu tens o direito de acreditar nos contos,

tem direito a ignorar essa barreira,

tudo é autoestima, dá um desconto.

lá dentro, no fundo, sabe que é besteira.

Os belos se apaixonam,

aos feios resta a adequação.

A quem importa a música que toca?

Se a festa para você é só embriaguez.

Não adianta exclamar aos céus.

Muito menos aos espíritos.

Toda cruz, supostamente, é adequada ao condenado.

Alegre-se! Você não será o escolhido, mas pode rir disso.

Culpe os deuses, as ninfas ou os sátiros.

Mas saiba: O cupido esqueceu de você.

O cupido é, ao feio, uma ilusão.

Contado para nutrir sua fé, sua esperança, sua desilusão.

Mas não se culpe, criatura.

Você só tem culpa pelo que fez de você mesmo,

Não por sua cara comum, sua feiura.

Apenas seja cortes e sorria.

Toda sua vida será árdua.

Terá de ser uma, duas, quem sabe três vezes melhor.

Com sorte será a segunda ou terceira escolha...

Quem sabe, a primeira de uma louca.

Mas não tenha pena de si mesmo.

Verás a vida de uma perspectiva única.

Na arte, na literatura ou na poesia.

Terá sempre seu lugar privilegiado.

Serás sempre lembrado,

nos dramas, nas comédias e nas tragédias como o estranho ou o engraçado.

Nunca como Aquiles, tampouco como Ares.

Mas como alguém que estava ali, de passagem.