O Ipê Amarelo

Caí das mãos do semeador que distribuía sementes no campo fértil da vida.

Numa cena em câmera lenta, pude observar a minha trajetória rodopiando no ar, ao bel prazer do vento, indo de encontro ao solo fértil.

De repente me senti sufocado pela terra que cobria o meu ser.

Quis gritar para saber o que estava acontecendo.

Esforçava-me para mexer, mas estava grudado ali na terra que recebia o calor do sol, a irrigação da chuva.

Algo inusitado começou a se transformar dentro de mim, como se eu fosse super semente, rasgando as cascas que me cobriam.

Realmente me transformei e abrindo caminhos no solo, fui em direção aos céus e naquele momento a luz da vida banhou o meu rosto, ainda sujo de barro molhado, pela chuva que orvalha a todos nós.

Como num passe de mágica, meus olhos descobrem o céu azul e o mundo aparece para mim novamente em outra perspectiva.

Nasci em uma praça da cidade que tinha outras árvores, fazendo parte daquele cenário encantador.

Senti o meu caule se fortalecendo à proporção que o tempo foi passando nesta variação temporal:

Noite enluarada, sol abrasador e nessa metamorfose as minhas folhas se abrem em agradecimento a Deus pela vida.

Valeu a paciência em enfrentar as dificuldades encontradas pelo caminho.

De uma semente que parecia frágil me transformei num gigante Ipê amarelo que enfeita a praça da cidade com a chegada da PRIMAVERA.