A MULHER RICA, A MULHER POBRE

Todo dia a mulher rica abre a janela,

chama o serviçal, que arreia o cavalo, e ela o monta...

Todo dia a mulher pobre abre a panela,

conversa com os feijões, o gás tá pouco, cada tostão conta...

Toda noite a mulher rica degusta o cacho de uva,

se refestela com o pudim, assiste uma série e dorme...

Toda noite a mulher pobre escuta e vê os pingos de chuva,

cobre as crianças e reza pra eles não passarem fome...

Todo dia a mulher rica vai ao cabeleireiro e à academia,

usa cores da estação nos cabelos, a manicure se esmera...

Todo dia a mulher pobre esfrega e lava na velha pia,

a roupa desbota, as unhas esgarçam, o tempo é uma fera...

Toda noite a mulher rica convida os amigos pra uma festa,

canapés, licores, champanhe, risos e muitas piadas...

Toda noite a mulher pobre olha aí redor e vê o que resta,

o arroz acabando, geladeira vazia, uma lágrima e mais nada...