O meu corpo é uma nação em guerra
O meu corpo é um conflito hirsuto cambaleante
que perdeu o filtro e evacua sobre a própria consciência já pesada
e abocanhada por traumas esfomeados.
Guerras com vítimas já amputadas,
campos minados ativos a espera de novas vítimas,
trincheiras lotadas de melancolia que
acompanha os soldados dia após dia, deixando-os neuróticos.
Não há sacrifício sem plasma - ou tudo não passaria de falácia.
Nunca senti o tapa escandaloso,
mas agradável da paz no meu rosto desidratado -
com objetivo apenas de confirmar a sua existência.
Insisto em levar comigo a bandeira branca
ainda com respingo de sangue fresco,
para fincar em todas as colinas diante dos meus olhos,
mas os braços estão tão fracos para tanto.
"Beliscosamente" caminho por ruas desertas implorando
por companhia de passos dos transeuntes desavisados
que não me olham nos olhos e continuam caminhando
em direção a abismos invisíveis.
Ah, paz maldita, que me renega e
não me engravida com um belo filho!
O meu corpo é uma eterna nação em guerra!