Faz de conta que acredito
Por troco tu trabalhas o ano inteiro
És um forte brasileiro entre teus irmãos iguais
Teu sorriso desdentado na alegria
Cospe e engole a agonia dos teus mandos infernais
No mundo que tu moras vives mudo
Sem a vez, sem conteúdo nos teus dias marginais
Pensa a gente que teu couro é sempre imundo
Teu pescoço assim corcundo é tão normal aos anormais
Colônias dos abutres gerenciáveis
Cobras, sombras rastejáveis nos abraços mais sociais
Disfarçam no tapinha e no veneno
Escondendo o vil segredo nos seus dentes mais fatais
Mas morrem os insetos no meu vinho
Quando os sinto tão sozinhos nos seus sonhos, “querer mais”
Me surgem vermes verdes quando durmo
Num enjoo vil, noturno, dos meus sonhos mais banais...