Meia alma

À meia noite

volta e meia

me levanto meio zonzo

para andar em meio à escuridão

No meio do caminho, entretanto

perco meu foco em meio ao pranto

me sinto meio incerto, hesitante

como se apenas meio corpo caminhasse confiante

A outra metade, indiferente

nem meio ou pouco, nada sente

permanece onde está, em seu conforto

fingindo sentir a paz de um pesadelo que jaz morto

Ou eu que finjo, sem me dar conta?

crio uma grande peça onde nada se monta

me engano que vem show, emoção, novidade

enquanto circulo o mesmo vazio disfarçando a comodidade

Não ando em círculos! Só sigo em frente!

caminho sobre o vidro sem deixar voar a mente

mas antes de pensar o que eram os cacos que pisava

me lembrei da última vez que passei naquela estrada

Ali está meu sangue, ainda quente

ali estão meus sonhos, já dormentes

outra vez, cá estou eu, mais vezes do que posso contar

Mais uma vez, talvez a última, sem nem saber onde espero chegar

Mesmo perdido, desacreditado

ela vem de novo, como é esperado

à meia noite, eu desperto outra vez

e continuo a caminhar sem rumo, como se fosse a primeira vez.

Um Boldo
Enviado por Um Boldo em 09/05/2021
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