Tempo ao tempo

Quando as folhas caírem

anunciando o inverno.

Quando os últimos grãos

forem colhidos nos campos.

A fumaça de uma chaminé

anunciará o aconchego.

A proteção de uma gruta

acalentará, do hibernado, o sono.

E como que por encanto,

das aves não se ouvirá o canto.

Então, tudo se entregará ao tempo.

A natureza reclusa meditará

na infinita fé dos monges.

O tempo, esse senhor de si,

então se arrastará lento.

O inverno, instalado,

mostrar-se-á longo.

O silêncio, inimigo das horas,

far-se-á ouvir e sentir.

E como que por magia,

às primeiras folhas resilientes,

o tempo render-se-á.

Ler-se-á um novo anúncio.

O aroma matutino de café

será a batuta ao agricultor.

Haverá campos a semear

e sementes a germinar.

Da gruta silenciosa

nova família surgirá.

Haverá ninhos novos

e novas aves a cantar.

E o tempo por bondade,

mostrar-se-á infinito.

Ivair, 17/03/17