A dança: viver.

As pessoas iam e vinham:

Felizes, ansiosas,

Preocupadas, tagarelas,

Silenciosas, discretas...

Um movimento confuso

Ao redor de si mesmas

E para si mesmas,

Que faziam a vida dançar.

Bem no meio,

Uma casa parecia uma pausa,

Pois sua braveza e sua pobreza

Descortinavam aquele espetáculo

Que a vida fazia,

Atrás de si mesma.

As janelas escancaradas,

A ventania que passava

E o blackout da casa balançava

De tal forma,

Que permitia uma tímida luz se apresentar a ela.

Era o típico encontro

Dos filmes românticos,

Onde a donzela desengonçada

Atravessa o caminho do moço

E ali, há o enlace do olhar,

Do desejo.

Não havia nela

Formosura aparente.

Era só uma estrutura silenciosa

Que punha um fim a todo o movimento em redor.

Ao cair da tarde,

O único barulho daquele lugar

Fazia-se ouvir através de duas crianças

Que traziam em seus olhos

Um brilho tão profundo

E isso bastava

Para por um fim aquele espetáculo

E fazer surgir uma nova história,

Uma bela valsa.

Elas eram o coração daquele lugar.

Dos pais, ouvia-se um único bater de portas

Ao entrar,

Mas nessa história,

O protagonismo é da simplicidade,

Da imaginação, do correr, do pular,

Da disputa e dos gritos

Que, sem pensar, surgiam.

Era triste pensar

Que algum dia,

Aquele pulsar não existiria mais ali,

Afinal de contas,

As crianças iriam crescer.

Os pais, já em certa idade

Não poderiam mais vibrar.

O descanso, o silêncio tomaria conta daquele lugar

E, talvez, duas vezes ao ano

Retornariam para celebrar aniversários

E festas de fim de ano,

Já com seus cônjuges e filhos.

Aquela pausa seria tão cumprida

E o momento tão rápido

Quanto gostariam.

Mas a vida tem o seu fluxo

E ela corre,

Ela sempre corre.

Não há rascunho, não há treino, só há vida

E ela vai.

Lais Mesquita
Enviado por Lais Mesquita em 30/07/2021
Reeditado em 02/09/2021
Código do texto: T7310584
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