[O medo de perder...] (Dueto)


Há dias que uma tempestade de espinhos
Se atira sobre nós, sem aviso prévio,
Mas, só fere a pele d’alma...

Meus olhos, fechados,
Percebem tudo
E choram...

Paradoxalmente...
O tempo para...
A dor, não...

[Espinhos invisíveis
Dilaceram-me

No tempo (dos segundos... dos minutos... das horas...)
Tempo dos intervalos... entre os ponteiros do relógio que não para)
No tempo (desta aragem e da neblina d’agora) e seus espinhos invisíveis...

Eu, presa no tempo...
Tendo em mim, ao mesmo tempo, dois tempos...
O Tempo de Estado de Espírito, e tempo da condição atmosférica

Tempo
De aparente calmaria
Mas, emocionalmente, tormentoso...

Olho para o mar (agora)
Nestes dois “tempos” que a vida me deu
E o mar olha... para mim (Ele, sem palavras, dialoga comigo)

E suplico a ele, que interceda por mim, junto ao tempo
O tempo (que me ofertou a minha idade)...
E que pergunte a ele, o tempo:
Ond’está aquela menina, da fértil imaginação,
de pés no chão a que brincava na praia
... a que caminhava de mãos dados com sua mãe?
Sim, em que canto foi parar
aquela garotinha, sapeca,
que ia para o mar
... com o seu pai para pescar?

Tempos d’outrora!... nostálgicos...
Saudades... lembranças

Olho, com brumas nos olhos, o mar...
Com suas ondas a pulsarem na superfície acima
Por vezes calmas... por outras tantas agitadas
Ventos a sacudirem
Brisas a afagarem
Da maresia a que inala meus pulmões
Nest’hora em que as memórias me invadem (ainda mais)

Ah, meu Mar!
Rogo-te e ao Tempo:
Devolva-me, por segundo
“aquele tempo de lá”...
[Bons tempos!

Miro o mar adentro
Elevo meus olhos para o alto
O oceano (profundo) e o céu (ilimitado e incompreensível)
Fecho meus olhos
Olho para dentro... de mim nest’hora
Encontro... meu amor (qu’está dentro...de mim)
Amor... amor... amor...
Paradoxal amor na distância
Onde s’encontra agora (aparentemente) longe
E, ao mesmo tempo, oh! tão perto
A brisa do oceano me afaga
Os ventos a balançar meus cabelos
Os meus cabelos se embaraçam
A lembrar das redes de meu pai (pescador)
Uma gaivota a grasnar nos céus agora
A lembrar de minha mãe a cantar às noites para eu dormir
Tempos... tempos... tempos...
[Eu, presa no tempo...

Não, não me revoltarei com o tempo
A que levou de mim tanto meu pai quanto minha mãe
O tempo me deu a quem eu tanto amo... agora
Agradeço, pois... ao tempo
Tudo é dele... tudo vem dele... tudo vai... para ele
Mas não leva de mim...
...o meu amor

Eu, presa no tempo...
Por dentro espinhada...
...fragilizada

E talvez seja essa
A razão da espinhada agonia...
O medo de perder...




“H” e Juli Lima


















Hallelujah - Violin Cover (ouça)












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e acervo pessoal (CG)