REALCES
Não só brilha a lua, que enternece o poeta
nem a estrela que ilumina todas as rimas
mas um coração sedento por uma alma quieta
diluindo o lamento sem temor, nem cismas.
Não só comove a vaga, que arrebenta branca
— nem a a melancolia do marinheiro azul —
mas a amada que o espera, com entrada franca
no coração de saudade que vai de norte a sul.
Não só encanta o verde iluminando os prados,
— nem as árvores que difundem as sombras
— mas o arrulhar dos pássaros encantados
juntos no jardim que os acolhe na penumbra.
Não só alumia a luz distorcendo a escuridão,
nem o descarte sagaz do fim de uma paixão
mas o impulsivo desejo de repudiar o medo,
e revelar à vida os mais íntimos segredos.
(Reedição)