Desejo

O que mais desejo, me perguntam

Quero um cofre para as riquezas que assaltei dos livros que li

Quero proteger a pintura fresca do efêmero momento

As esculturas da memória, pelo tempo danificadas, quero restaurar

Já as esculturas inacabadas, quero concluir

Que eu as tenha de completar, barro sobre mármore, hoje me apraz

Quero engaiolar na memória o voo das belezas vividas

Quero fixar ao chão as estrelas luzidas

Quando, no estômago, borboletas revoaram

Quero enraizar as nuvens passageiras da paixão

Tatuar o arrepio – brinde de uma bela canção

Tempo eu quero, para repetir tudo de novo

Apagar, com borracha, o que já se foi

Assim poderei desfrutar novamente

do que já passou, como terminal doente.