Bruxa interior

Foge à razão a intuição que lhe é própria

Em mística contemplação meditativa

de sua natureza, raiz pulsante e singela

que na harmonia da terra se equilibra

Das águas de seu ventre a vida nasce

em espumas povoadoras de Afrodite

junto ao mar, seu nobre amuleto

fundida ao amar, seu sublime convite

Musa esquecida, de presença inculta

sua voz quebra o som firme do silêncio

e suas velas acendem o enigma da gruta

onde o mistério improvável é propenso

Feiticeira desventurada no mundo comum

busca o livramento do quebranto, refúgio

em que sua essência o vínculo primitivo

possa recordar, no sortilégio ou no dilúvio

Não é corcunda, nem venera o escuro

seu olhar cósmico, porta para o universo

tão denso, feminino, sublime e puro

evoca a paz e elimina o temor perverso

Mãe do mundo, filha das batalhas

Não aceita seu solene destino

de viver na assombrosa submissão

que dita e escreve seu infortúnio

É no inconformismo incandescente

que sua luta se eterniza brilhante

na aurora enérgica que move o céu

e na terra cai em ecos exuberantes

Flora Fernweh
Enviado por Flora Fernweh em 31/10/2021
Código do texto: T7375557
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