gerações

minhas veias

afluentes

de guerreiras

no ventre

de todas

as moradas

a primeira

 

mãos

que abençoam

que abraçam

que guiam

que costuram

que escrevem

que carregam

lenhas

para aquecer

no velho fogão

que picam

os legumes

para o sopão

que cobrem

joelhos ralados

de beijos

para cessar

o choro

 

na linearidade

de infinitas

histórias

permanecem

além das fotos

os saberes

próprios de quem

na escola da vida

nunca faltou aula

 

em minhas veias

a responsabilidade

de honrar

o idôneo caráter

daquelas que

peitaram o medo

e o medo as temeu

intimidaram

os olhares

de desdém

desbravaram

possibilidades

onde não as viam

portas se abriram

 

lar pode ser

uma casa

com sala, cozinha,

banheiro e quartos

quem sabe

um quintal

pode ser o calçado

que protege os pés

das bolhas no solado

 

lar pode ser

um coração

que mesmo sofrido

ainda assim

escolhe sentir

proteger o afeto

como quem

de um pássaro

toma conta

 

em minhas veias

a herança

das antecessoras

e em meu ventre

abrigo para as

sucessoras

em cujas veias

verterá a coragem

de fazer

desses rascunhos

o verso mais lindo.

Marisol Luz (Mary)
Enviado por Marisol Luz (Mary) em 04/11/2021
Reeditado em 07/01/2022
Código do texto: T7378009
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