Vida Velada

Certa noite, na iminência de as profundezas atingir

Encontrei menosprezados artefatos

Relegados a um incerto e sombrio porvir

Numa alma encarcerada pelos fatos

Sem ideia do que dos exilados fazer, encostei-os

Sem querer deles saber, ignorei-os

Dezesseis meses se sobrepuseram à hoje

Que é quando escrevo tal desesperada ode

Voltei minha atenção, mais uma vez

Àquilo que num papel deixei retratado

Reflexos de algo irrevogavelmente passado

Que revelar-se-ia apenas como um talvez

Sem saber o que dos degredados fazer

Sem ideia do destino deles eu ter

Encontrei adornados artefatos

Numa alma fatigada pelo tato

Percebi que do futuro já havia bebido

Que o passado ainda não tinha concebido

Nesse meio termo,

Da vida, da vida eu havia esquecido