Céu de quase chuva
Céu de quase chuva
Cinza escuro
Prelúdio do caos que nunca chega
Marasmo desconfortável e infinito
Chuva que não tem coragem de cair
Sua espera me seca e sufoca
Trovão que anuncia um relâmpago inexistente
Me prendendo nessa falta de energia
Elétrico e incontrolavelmente paralisado
Ó céu de quase chuva
Porquê nunca se arrisca?
Porque não me mostra o seu caos
Quero vê-lo
Mesmo que inunde tudo em mim
Me molha
Me castiga
Mas não fique parado
Anunciando-se caótico
Depois dá tempestade
Vêm a calmaria
Mas o que acontece quando a tempestade não cai?
Traz-me medo
Sua chuva seria a mais bela de todas
Mas não tenho coragem de vê-la
Então me prendo nesse céu de quase chuva
Olhos de quase choro
Porque não me libertam?
Porque não me lava a alma?
Não chove e não tem sol
É tudo cinza e contidamente caótico
Me repito e me torturo
Olhos de quase choro
Céus de quase chuva
Uma vida quase vivida
Em uma poesia quase escrita
Prisões igualmente confortáveis.