Eu sou o último poeta marginal vivo

Era virada do ano

Eu fiz que fiz

Até que fiquei bêbado

E me permiti escrever

Em silêncio, sozinho

Com minha gata me

Vigiando.

Todos tem medo

E eu também

Quando eu bebo

Eu viro no diabo

E não há exu que me segure.

Na minha vontade de fazer merda

Me drogar, me foder

Foder bucetas ruins

Mandar mensagem

Pra quela garota que trepei na praia

Em 2016.

E aqui estou

Meia garrafa de whisky depois, umas latas de cerveja e uma champanhe ruim

Eu sei que sou pai, profissional do ano, atleta, o cara que as pessoas se inspiram na minha família

Mas

Apenas aqui

Sozinho

Bebado

Em silêncio

Talvez até

Querendo me drogar

Sair por ai com meu carro

Sozinho

Em busca daquilo

Que

Eu jamais vou ter

Eu saiba

Que também sou um miserável

Auto-destrutivo

O último

Poeta marginal

Vivo

E que se o Tordo azul

Não respira

Nos dois não podemos viver

Leandro C Sbrissia
Enviado por Leandro C Sbrissia em 01/01/2022
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