Sobre vozes...

Vivia com medo de ser vista por ele,

Vivia com medo de ser tocada por ele,

enquanto minha mãe não estava.

Vivia com medo de dormir,

medo de me vestir de certa forma,

medo de caminhar em sua frente.

Vivi com medo, por muito tempo.

Quando decidi contar, vivi com medo de não ser escutada,

não ser acreditada e foi o que aconteceu.

Minha voz foi então diminuindo o volume,

diminuindo o tamanho, para caber em uma caixinha esquecida,

uma voz que pensava que não valia ser ouvida.

Enquanto crescia e continuavam a diminuir ainda mais o tom e volume,

da minha voz, vi que precisava ser ouvida.

Tirei então, a voz da caixinha e agora tenho meu próprio botão de volume,

que eu mesma controlo, quando acho que devo me calo ou diminuo o volume

(não mais para caber em algum lugar, mas porque posso e as vezes necessito),

mas na maior parte das vezes, tento manter o volume no máximo

e quem quiser que se retire, que guarde o disco, tire a música.

Mas o volume, sou eu que controlo!

Luiza Bruun
Enviado por Luiza Bruun em 11/01/2022
Código do texto: T7427251
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