Morri de viver.

Chega um dia na vida

Que a medida de tudo

Muda

A passagem do tempo

E a contagem das horas

Dinheiro contado

O Relógio emudece

Cresce a escuridão

Escurece

E tudo é medido

Pela altura

Nessa altura da vida

É que se descobre

Descobri

Que eu não sou quem eu era

Eu morri

Faleci de esperar

O dia que não veio

Morri de tanta espera

Bem no meio da vida

Esperei por ela

Parado

Bem no meio do passeio

Um arranjo de flores

Hoje, em meio a essas dores

Não sei se era pra mim

Ou se pra ela

Minha causa mortis

Desnuda

Fingindo vestida

Foi vida

De todo despojada

Minha vida me matou

Enquanto a vivia

Triste a morri

E a vida seguia

Morri de vida

Sem rumo

Sem prumo e nem norte

Eu morri uma morte linda

de morte despercebida

Enquanto a vivia ainda.

Edson Ricardo Paiva.