Atar os cadarços.

Quando éramos crianças

Pensávamos que os moços

Eram os mais inteligentes

E também que eles sabiam

Os passos de cada dança

Passam-se alguns dias somente

E quando se vê, já os alcança

Mas, absolutamente ninguém

Ninguém nos avisa

de que a gente não precisa

Conhecer o melhor nó, pra poder atar os cadarços

Porque o mais esperto

Nem sempre dá certo ou se sai bem

Ao tempo é que cabe fazer os laços

Pra depois lançá-los sobre todo mundo

Porque sabe que a vida não é à toa

e também que a parte boa, é ilusão que se vai

Quando eu era adulto que nem meu pai

Pensava que os velhos é que sabiam de tudo

Os coroas, a seu tempo

Faziam cara de sérios

Levantando a aba do casaco

A esconder o rosto ao vento

E diziam que cada idade

Tem sua dor e momento e tudo mais

Mas, a mais pura verdade

É que nem dá tempo pra isso

O tempo voa depressa

E a gente, descompromissado

Não vê que deixou de lado

A coisa mais importante da vida

Que era dançar sem compasso

Pra trazer para sempre

Pertinho de nós

Num único abraço

A vida que se queria

Nosso mal é não saber

Que por mais tempo se viva

Não sabe e nem vive o bastante, jamais

Pois o tempo, sim; joga seus laços

Mas cada qual tem seu tempo

E todo nó se desfaz.

Edson Ricardo Paiva