Com defeito...
Estou em dívida
com o tempo
Nunca mais paguei
o seu valor correto
Nunca mais vivi
o suficiente
sem botas de borracha
e devidamente
com os pés no chão
Estou em dívida
com a vida
Nunca mais paguei
o tempo
com o preço devido
Alimentando as horas
sonhando os dias
praticando
o que é contrário a dor
o que não é murmúrio
Nunca mais
contei estrelas
colecionei pedras
escrevi cartas
e nem pesquei soluções
sem o vil anzol
(caso estivesse bem
rimaria algum nome
com o Sol...)
Agora entendo
o real sentido de câmera lenta
de contar histórias sorrindo
de tentar descobrir
o que nem ao menos
se imagina encontrar
Agora sei
como ser culpado
do tanto
que se achava inocente
Em tempos de pandemia
me aproveitei da máscara
e me escondi do mundo
24-02-2022
10h18min