A nublada auto imagem

Não há magia que salve

da mácula instaurada

em todo novo amanhecer

todo despertar, ela retorna,

mais densa, mais forte

me sacudindo outra vez, levando meu ar

confundindo a consciência, a memória

minguando a vontade, a esperança

dando vida às sombras nos cantos da visão

não sinto que era eu na minha pele ontem,

não sinto que era eu na minha pele 2 horas atrás

nada me garante que sou eu na minha pele agora

a minha voz, meu reflexo, as minhas trêmulas mãos

as minhas respostas a cada volta do universo

tudo parece estranho, nada parece parte de mim

o que me define, me guia, ou me limita?

o que me move, me inspira, ou me controla?

o que me faz ser o eu que não sei quem é?

toda pequena peça familiar,

o vento leva embora,

quando retorna a amargura,

e começa mais um dia;

quando eu encaro em contradição

o desconhecido que veste a minha alma

o corpo, não meu, apenas uma casca

é um estranho, não eu, apenas outra sombra

uma instável existência, que insisto em rejeitar

Um Boldo
Enviado por Um Boldo em 30/03/2022
Código do texto: T7484295
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