OLHOS NEGROS
São negros os olhos que te veem
Miopia moral obstinada, cegueira lhes sobrevém.
Onde reside os jardins da serenidade e da empatia?
A noite é sombria, é fria, é pálida quanto a face adormecida.
Ao faminto dê-lhe pão, ao cansado o descanso
Ao aflito o amparo que necessita, ao solitário o coração.
O mundo precisa de muitas coisas, ele sempre precisou
A paz entre os homens é urgente, alguém já declarou.
Um dia Cristo declarou: se os seus olhos forem bons,
Todo o teu corpo terá luz. Mas a luz de que a vida falava,
Sobrepunjante a tudo, é do homem as fontes da vida, o seu
Coração, como disse o mestre dos mestres, Cristo Jesus.
Mas esses olhos que miram em ti agora, são tão cegos,
nem o sol ao meio dia lhes pode incidir a luz.
Os campos floridos, banhados de cores, inclusive as que voam,
São todos eles cinza, opacos, e àqueles olhos nada reluz.
Quem dera fosse da vida o pleno vigor, quisera fosse da alegria
O riso espontâneo, da paz o abrigo ofertado. Mas não é nada disso.
Antagônico, frio, sem brio escurece a sorte àquele a quem ver.
Gesiel F. Melo