O ideal

Ainda é cedo! É o que dizem…

Mas as horas enganam

Na verdade, já está tarde

Para começar tudo de novo

O relógio sempre se move

Daquele mesmo jeito

Mas a ansiedade no meu peito

Faz com que os ponteiros

Pareçam mais impiedosos

Eu tenho medo de sumir

Medo de não lembrarem de mim

Eu tenho medo desse medo

E medo que o medo se torne medo

Eu olho as construções gigantes

De tantos gigantes ao meu redor

Todos parecem tão importantes

Todos parecem não sentir dor

Eu vejo um mundo cheio de heróis

Eu pelejo para não me tornar vilão

Eu me apedrejo em nome do medo

Eu quase não mais me vejo

As ruas estão sempre lotadas

Há sempre pessoas sorrindo

E há sempre sorrisos lindos

Há sempre perfeição nos rostos

Sempre nos melhores esboços

Eu respiro o mesmo ar que todos

Mas não consigo me saciar

Parece que meu ar é mais porco

Parece que não consigo respirar

O chão que eu piso se move

Mais rápido do que posso andar

O sol se põe mais depressa

Do que eu consigo assimilar

Os ternos que eu vejo nas vitrines

Vestem corpos esculturais

As Mulheres que aparecem de biquíni

Nas manchetes dos jornais

Reforçam ainda mais esses ideais

Eu queria ser ideal, mas sou só eu

Para o mundo, nada!

Para mim, tudo!

Alvaro De Azevedo
Enviado por Alvaro De Azevedo em 03/06/2022
Código do texto: T7530020
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