Tenho três flores lá em casa,
todas são margaridas
- nenhuma rosa -,
estão dispostas ao meu olhar
e ao meu toque de manso e
de leve pranto.
Elas - já sem pêndulos - viveram
em paz meio caótica com meu gesto:
afinal pra que três,
se uma não basta?
E disso sempre feneceram.
Um dia elas acordaram, de manso,
e se viram no meu espelho
envergonhadas:
- pra que três?
- uma não basta?
E assim fiquei sozinho,
ou metade em dor, metade
arrependimento.
E jurei pra mim: pra que três?
E digo eu, sem impedimento:
uma completa a outra, a primeira
refaz a segunda, esta suplanta
a terceira. Cada uma é,
cada uma não é.
Mas é difícil
para os donos
de alvenaria
compreender isso.
Mesmo que não tenha
qualquer explicação.
Hoje sozinho, jurei aos deuses
mais próximos:
da próxima fez, reeducado,
não ponho um espelho sequer
na casa.
Os espelhos são verdadeiros:
mas não mostram surpresas
e sim realidades.
Nessa entrei, bem herdeiro,
igual a um rato na ratoeira.
Parece simples, mas
não é: vá dirigir um
bonde chamado de três
madonas
e você vai ver o tamanho
do abismo que te jogam:
cada pedaço de você por vez!