Voraz coragem,
eis o que não me rareia,
cedros e muros de puro
medo,
eis o que me sobra.

 

De um lado, sem sombras,
me abato às figueiras
pomposas,
e lembranças as quais
batizo,
em pleno sol morno
de outono,
sem festas de rainhas,
me plaino, descalço, ao
no desafinado ano de 
cada um.

 

Rara fuga dos mainos
no absinto da cor:
me volupeio no corcel
e me rendo, indefeso,
às rendas e imprecisas
verdades.

 

Tontos - o plaino dos deuses,
e que me acalentam suspiros
de dor.

 

Um mundo só,
que só roda pra um lado:
foi o que recebi.

 

Ah! vã esperança de
conquistas
neste aval de
memórias semi-mortas!

 

Cá estou eu, avelado
às macieiras cujo maior
evento é
querer viver
em aviz e mármore puro.

 

Cá estou eu, dissipado,
algoz e dissidente,
com puro medo
de voltar a perambular
pelo tempo das garças
coloridas.

 

E por favor, no amiscar do sol,
e, nunca, augusto,
- rei dos césares -

com dogma de me ferir,
só me diga pávido
e lívido,
que faço aqui,
nesta roda do mundo,
que menos me diz
que mais me dói !

José Kappel
Enviado por José Kappel em 20/11/2022
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