Tenho o que posso.
O que não posso, julgo que tenho.
Além das portas de sombras
vive o outro eu.
Cáustico, enigmático, diápaso,
conivente com o humano e com as
bordas dos corpos que me
outorgam algum calor.
Se meu tempo já passou.
Ele passou. Esquecido.
Não torture os olhos com
lágrimas.
Viva cada dia,esperando a noite
e dentro da noite se pronte
para esperar seu novo raiar.
Ilusões à parte, não sou feliz
assim. Mas me acomodo assim.
E tenho o que posso
e as que não posso,
finjo de barbatanas
bem afiadas, que as tenho.
Mas, pensando bem,
não sou feliz assim,
pois alcanço o que posso
e largo,
pela razão,
tudo que
conquistei pelo desfaço.
( Poema dedicado à Ticiana )