DONA CATARINA - PARTE DOIS

Após sair de casa, Catarina ficou na rua por mais de 40 dias.

Diferente da última vez agora as pessoas não tinham mais "dó", chegou ao ponto de imaginar que não conseguiria.

Um dia enquanto dormia a Catarina foi acordada por um jovem bonito.

Era um rapaz com 20 anos de idade, um sorriso que ela nunca viu e olhos que enxergavam o infinito.

Era um voluntário de uma ONG que auxiliava os moradores de rua,

Ele lhe entregou um kit de higiene e uma sopa, após uma breve conversa perguntou se ela não gostaria de sair da rua.

Ela estranhou e prontamente recusou a oferta,

Após 2 abusos e viver na rua sua confiança nas pessoas era nula e ela vivia em alerta.

O rapaz insistiu, disse que as ruas eram muito perigosas pra uma menina tão jovem

Pra mostrar que a proposta era séria ele pediu pra ela aguardar e saiu a procura de alguém.

Após alguns minutos o jovem retorna com uma senhora sorridente

O nome dela é Arlete, uma senhora bem baixinha e corcunda com uma voz estridente.

Arlete explicou pra Catarina que a ONG onde eles trabalhavam estava necessitando de pessoas para ajudar

Como a ONG não tinha verba pra pagar salários, ofereceram pra ela um lugar pra comer e poder ficar.

Catarina sorriu igual criança quando ganha um presente de natal

A proposta lhe agradava, mesmo sem salário a ideia de sair das ruas lhe parecia ideal.

O trabalho na ONG era muito mais tranquilo do que o anterior

Ela só ajudava a limpar o local e a fazer as marmitas. O tempo que lhe sobrava ela estudava com fervor.

Como ficou muito tempo nas ruas, ela estava muito atrasada na escola

Mas isso não a desmotivava pois sempre que tirava notas boas ganhava uma coca-cola.

Com 21 anos Catarina encerrou o ensino médio,

Por ser jovem e bonita ela conseguiu um emprego de recepcionista em um outro colégio.

Ela tinha contato frequente com a Arlete, o relacionamento de ambas era como mãe e filha

Catarina cuidava da senhora com muito amor e dedicação. Semanalmente Arlete fazia pra ela um bolo de baunilha.

A pedido do trabalho Catarina ingressou na Universidade

Quando contou a notícia, dona Arlete quase enfartou de felicidade.

A vida sem a fome, o medo e a desconfiança estava mais distante

Mas todos os relacionamentos dela duraram um instante.

Isso não impedia Catarina de ser feliz, a correria de trabalhar, estudar e cuidar da Arlete não deixavam ela cansada

Mas o medo de voltar pra rua com fome e passando nessessidades sempre a assustava.

Agora seu medo era dobrado na real, porque além de cuidar de si mesma ainda cuidava da Arlete também

Por mais que a Arlete insistisse que não precisava de ajuda, era nítido que não conseguria cuidar de tudo sem a ajuda de ninguém.

Dona Catarina cuidou da Arlete por mais 1 ano quando a velha senhora enfartou e faleceu. Por conta da proximidade das duas, Catarina sentiu uma dor que nunca sentiu e pereceu.

A dor da perda e a sensação de estar sozinha novamente fizeram os alicerces de Catarina ceder

A jovem não conseguia levantar da cama pra comer.

A depressão roubava sua vontade de viver

Ela não se importava nem com o dinheiro das contas, pois estava sem trabalhar a um tempo e os boletos prestes a vencer.

Ela tinha o sonho de ter a aquela velha senhora lhe assistindo na formatura

Nenhuma das duas viajou de avião, Catarina estava juntando dinheiro pra leva-las as alturas.

Guettas
Enviado por Guettas em 18/01/2023
Reeditado em 18/01/2023
Código do texto: T7697876
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