Entregas
Somos feitos de entregas
Entre ganhos inesperados
Ou perdas constantes
Somos feitos de ações
Espontâneas ou planejadas
Que desafiam tudo de nós
Em prol de uma realidade
Que almejamos alcançar
É, somos mesmo furos no roteiro
Cápsulas rachadas e quebradas
Tentando se configurarem
Em corpos que tal qual palha
Voam com a menor brisa
Mesmo tão pesados quanto aço
E no fim das contas
A gente nunca para de contar
Sejam os números de fardos
Sejam os fatos vividos
Sejam as pedras colhidas
Ou até às atiradas pelo rio
É, talvez sejamos a pedra jogada
Que dependendo da força usada
Vai um pouquinho mais longe
Mas outrora sempre vai afundar
Porque não nascemos pra durar
Só pra conseguir ir até onde der
Onde quiser ou onde puder
Entre nossas maiores falhas
Ou nossos maiores temores
Entre decepções e aprendizados
Arrependimentos e confianças
Entre amigos e amores
Entre lembranças e vitórias
Somos só isso mesmo, entregas
Constantes entregas
A tudo que nos é dado
Eu me entrego de novo ao fato de que
Amanhã é um outro dia, e que o hoje
Apesar de inacabado
Já me acabou bastante
E que as vezes não vai também
É só isso, mais uma entrega
E eu me entrego de corpo e alma
Em verdade, mentira ou fachada
Ao que tenho que viver...
Só uma mera reflexão...