NADA REGISTRADO
Nada no papel!
Na paisagem que se alonga na tarde,
Da cortina que balança na janela,
Do perfume que os jardins exalam,
Na encosta da serra que finge resistir!
O córrego, ainda, canta nas pedras e as flores
Deitam-se para beijar suas águas
Como um beija-flor suga o seu néctar!
No tempo que se faz eternidade
Nas caladas das noites,
E em todas as manhãs, o processo
Da vida e dos anos que vão se apagando,
A roda d'água, certamente, continua a girar
E o tempo a rodar seu incansável existir!
O tempo das roseiras em flor,
Rosas rosas, amarelas, vermelhas e
Tantas outras que a mente se reserva, guarda
Em tons de arco-íris, abertas estarão ou
Nos botões tenros com uma cálida gota de orvalho
Chora em perfume, nas manhãs,
Recorda manso e alegre o despertar
Dos dias, em névoa fria, como um flutuar
De sonho em meio a brancas nuvens!
Lembranças, sem registros, que camuflam
Realidades, verossímeis, de um existir completo
Num tempo de primaveras, verões, outonos e invernos
Nas cachoeiras despencadas pelo destino,
Às fronteiras, do atual existir!
Sem registro e tudo registrado nos
Intercontinentais espaços mentais fazem
Crescer a chama incandescente, dos momentos
Nítidos, de um viver tão próximo e longínquo
Na temporada de um puro
E tranquilo viver e existir!
Um céu azul e várzeas coloridas
Em primavera!