Vivência.

Hoje eu vejo as coisas

De maneira que eu não via

Nunca fui de muito me atentar

Queira ou não queira

Cada qual tem seu jeito

Nunca fui de ter jeito pra nada

E meu mundo era perfeito assim

Creio que há mais sentido

Em não buscá-los

O tempo sempre traz a direção

E eu jamais sentia pressa

Promessas

Nunca fui de acreditar ou não

Nem duvidar

A verdade vem no vento

Vem depressa e devagar

Nunca fui de escolher

Qual dor eu queria sentir

Não se pode evitá-la, ela vem

Fui deixando a vida decidir por mim

Eu gostava de verdade

Era só de viver

Montar os quebra-cabeças que a vida traz

Desde o início ela trazia

Eu, por não ter aprendido mentir

Não busquei saber se era verdade

Nem jamais pensei que a vida fosse

Fácil e nem difícil: eu vivia.

Gostava de andar na chuva

Olhar o trem de longe, ouvir o sino na igreja

e os passos lá fora, quando era de madrugada

Nunca fui de espera ou de esperar

Pra falar a verdade, eu nunca fui de nada

Sonhava escrever poesia

Arquitetar um jeito de exprimir o que eu sentia

Assim como Deus é o Poeta

Que arquiteta a vida da gente

Numa métrica milimetrada

E que coloca, lá na frente, um tempo

Onde a gente passe a ver as coisas

De maneira que não voltemos jamais

A ser quem já fomos um dia

E nem nunca mudar nada, além de nós

As coisas que vemos ou não

Elas vão permanecer iguais

Antes...após!

Edson Ricardo Paiva.